
e eu gostava de ter estado a dar-te a mão no ponto mais perigoso da tua doença. quando o teu cabelo começou a cair e cada vez que te olhavas ao espelho, achavas-te estranha. eu gostava de ter dormido na tua casa, mesmo no chão do teu quarto e cada vez que tinhas pesadelos à noite eu confortava-te e dizia-te 'foi só um sonho'. gostava de te ter feito o pequeno-almoço, o almoço, o lanche e o jantar todas as vezes para que não te cansasses. eu queria ter-te levado todos os dias ao centro comercial, por-te ainda mais bonita, comprar-te roupas novas e ir contigo beber café a uma esplanada. sempre vivi com a ideia de que dantes eras muitos mais pegada a mim. não eras capaz de estar dois meses sem me ver, e hoje só me vês no Natal. sei que não podes ter filhos, sei que o querias. se pudesse trocava contigo, eu nunca te disse, mas quando nos apercebermos das pessoas maravilhosas que temos, dizemos estas coisas. se eu pudesse trocava muita coisa contigo. era eu que tinha tido aquele estúpido cancro, era a mim que me tinha caído o cabelo, era eu que tinha sofrido tudo em vez de ti. hoje, reparo na pessoa forte que és. era tão bom quando moravas na minha cidade, tu moravas mesmo em frente à casa da minha avó. onde andas tu agora? foste para a capital, onde as pessoas andam todas a correr mas chegam ao fim do dia e não saíram do mesmo sitio. isto tudo para te dizer que tenho saudades tuas. espero que estejas bem. tal como me disseste uma vez : beijinhos de quem está longe, mas nunca te esquece. amo-te madrinha.
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